sexta-feira, 8 de agosto de 2014



Revi tudo o que escrevi. Inclusive o que não escrevi: as meras publicações que vertem-se em remissões musicais. Lembro-me do porquê de tudo. Se aqui está é porque, de certa forma, me tocou. Infelizmente ou felizmente. E é neste ponto que me desafio agora. Se me fosse um estranho [se fosse um estranho à minha pessoa que milagrosamente se deparava com isto e ficava minimamente preso para o ler todo], pensava ser uma pessoa triste, sem amor à vida. Nem saberia como me descrever. Assim sendo, talvez esteja na altura de algo mais cru. Não que o que até tenha escrito seja palco. Oh não! Muito vivi, mas alguns deles são imaginação, claro. Afinal, é disso que provém a escrita, julgo eu.
Portanto... 'Lembro-me do porquê de tudo'. Estranhamente até. Não sou uma pessoa muito dada à memória. Odeio nomes, não os consigo decorar. Conheço-te hoje e passo anos contigo, mas não te admires se um dia me esquecer momentaneamente do teu nome. Digo-te, não é propositado. Simplesmente, em certos momentos, o nome das pessoas não me ocorre. Inúmeras foram as vezes que passei por pessoas na rua e que as cumprimentei e fiz de tudo para não ter de dizer o seu nome. Provavelmente não dá para imaginar como: unicamente por nomes não ser o meu forte. E sei-o, logo nem vale a pena obrigar-me a tentar decorar. Se o sei, ainda bem; se não, porque ficam todos chateados? Qualquer um tem os seus defeitos.
Então, a memória. Uso-a pelo seu palácio. O palácio da memória. Tiro a minha licenciatura em Direito, não sei outra maneira de se conseguir. Mas então o que é o palácio da memória? O Mentalista e Sherlock explicam. Provavelmente das melhores séries que já vi [e que verei]. Lá está, louca por séries. Conjuguem um dia de Inverno - daqueles que se torna impossível sair à rua tendo em conta o conforto do lar - com uma série: um dos meus programas favoritos. Desenganem-se aqueles que pensem que sou pessoa de ficar em casa. Nem por isso, mas não abdico de um bom dia passado em casa, no silêncio da mesma. Gosto de sair como qualquer outra pessoa da minha idade [19 anos, 4 meses para os 20], mas sei-o conciliar com esses dias. No Inverno torna-se complicado, é certo. É a minha estação do ano favorita: não é o Verão, que choque! A maior parte das pessoas passeia-se nos centros comerciais, aquando dela [a estação]. Simplesmente estúpido! Odeio compras, não compreendo a paixão das mulheres. Eu gosto de roupa, não gosto é de a comprar. Imagine-se aqueles homens que deixam o seu guarda-roupa à mulher. Ela é que vai comprar; não porque ele não gosta de se vestir bem, mas por não ter paciência para se deambular pelo centro comercial. Bem eu sou assim. O único ponto favorável em as pessoas se passearem por lá - note-se que referi duas vezes 'passearem-se' propositadamente. Irrita-me as pessoas deslocarem-se para ver as montras. Que futilidade, que estupidez; há tanta coisa tão mais interessante - é o exercício físico que fazem. Caminham. Sempre se torna melhor do que estar um dia inteiro em frente à televisão. Todos os fins-de-semana de Inverno.
Refere-se já outro ponto importante. Não maluca de dietas. Nem lá perto. Maluca de exercício e de boa alimentação, é diferente. Ainda assim, não me apanham em ginásios. Passo trinta minutos na bicicleta de casa - daquelas fixas, que por mais que corras não vais a lado nenhum - e é uma tortura. Mas passo-os, através da música - oh que revigorante, a música! Por outro lado, passo outros trinta na bicicleta na rua, como se por eles ainda nem um minuto tivesse passado. O mesmo com a dita passadeira. Não a tenho, prefiro o chão e aquelas sapatilhas. Adoro correr, talvez o melhor dos exercício; assim como o basquetebol. Conjuguem novamente um dia de Inverno, mesmo daqueles com chuva, e uma corridinha, nada melhor.
E as sapatilhas ditam qualquer coisa. Ninguém diz sapatilhas, apenas os portuenses [não portistas, por favor]. São ténis, dizem os outros. Mas lá está, portuense de coração. Foi quando saí daqui que percebi o quão adoro o Porto. Antes era só onde vivo, agora é a felicidade que se explode de mim ao ver o rio Douro no regresso a casa. Actualmente vivo em Lisboa. Tenho a verdadeira vida de universitário longe de casa. Venho de mês a mês. A princípio custou, como tudo mas já não sei dizer onde é a minha vida. Acho que em ambos sítios. O melhor em sair? O crescer. A maior parte das pessoas diria a liberdade, fora da asa dos pais. Porém, liberdade que é liberdade tem cabeça e essa exige crescimento. Foi o melhor passo nestes dois anos. Sei viver sozinha. Sempre fui desenrascada, mas agora isso é-me, ou seja, isso é das coisas que mais me define actualmente. Odiava cozinhar, perda de tempo, dizia eu. Sabia o básico, mas não gostava. Tive de aprender a gostar e não é assim tão mau. Gosto de comer, logo cozinho porque preciso mas desde que adoptei uma vida saudável dá mais prazer cozinhar. Não que antes, não fosse saudável ou gorda. Sempre fui magra - antes até demais - mas agora sei como cuidar de mim de forma saudável. E a minha cozinha favorita é a italiana e a indiana, por isso veja-se, só calorias. Há que saber viver [e controlar], afinal.
Noutro ponto, tanto em Lisboa como no Porto posso dizer que tenho amigos. Sempre foi algo com que fui abençoada. Não são a minha segunda família, são a extensão da família. A típica família que pude escolher.
Quer família quer quase-família, nunca disse 'amo-te'. Vivi tudo isso, mas nunca me saí. É uma palavra tão forte mas mesmo assim tão banalizada. Dou-lhe a devida importância que até agora mantém-se recatada. Não sou pessoa de coisas longas, farto-me [ou fartam-se]. Intensas mas fugazes, acho que descreve plenamente. Ainda que não seja pessoa de criar isso o grande problema, sei que pode ser. Não sou a típica romântica. Mais prática e funcional, julgo. Mas sei fazer os problemas - ou eles aparecem.
'Já vivi bastante coisas más'. Típica frase de pessoa vitimizada - leia-se que a própria pessoa é que se vitimiza. Apreenda-se: todos os Homens vivenciam coisas más e boas. Umas coisas más podem até ser boas, depende de a quem calha. Mas todos vivem, uns mais umas que outras, mas isso é a vida. Há que saber contornar. Não gosto de lamurias. Uma ou três, tudo bem; mais? cresçam e mudem. Portanto, há destino? Acredito que sim mas julgo controlar o meu. Como tu o teu. Há sempre uma escolha e uma delas pode contrariar o destino traçado. Aí, ele ajusta-se e forma um novo caminho, um novo destino. Contrario-o outra vez, desenha-se outro. E assim continuadamente.
Acreditar no destino afasta-me ou aproxima-me na crença em Deus? Nunca percebi. Mas na minha posição pessoal, encontro-me bem afastada. Não interiorizo que alguém efectivamente tenha antecipado que eu ia fazer aquela escolha e que mesmo que seja má que a perdoa. Quem se tem de perdoar sou eu mesma e possivelmente aqueles a quem magoei. Agora Deus? Não percebo a necessidade do ser humano não se culpar pelas suas próprias acções e procurar algo que o conforte: 'afinal, não foi culpa minha; Ele é que decidiu'. Merdas... Desculpem, mas assim é. Se põe as mãos no fogo e se queimam, aprendam a viver com essas cicatrizes. A vida não acaba por isso. A vida acaba quando nós a deixamos. Não que literalmente, claro. Assim sendo, quem traça o meu destino? Não sei. Está 'escrito', ainda que não tenha sido 'escrito' por ninguém.
Um pouco de caído de para-quedas, as redes sociais. Desisti delas. Nunca passei muito tempo nelas. Como disse, séries é sempre melhor. Mas agora já nem as tenho; e estou melhor. Novamente disparo sem nexo, o porquê da foto acompanhante: dos meus animais favoritos. Elefante, mocho e girafa. Razão plausível? Não há, mas não tem de haver resposta para tudo, por mais que queira.
Por último, sou feliz? Não sei... Acho que traço a minha vida à procura do momento em que sou feliz. Acho que trabalho para um dia ser feliz. Mas porquê procurar a felicidade quando a posso ter agora? Porquê trabalhar para ela quando já a posso ter? É a sociedade. Mas, contrariando, sou feliz. Tenho de o ser - senão como fazia frente às ditas coisas más que me atravessam?

quinta-feira, 7 de agosto de 2014



'But no more worries, rest your head and go to sleep.
Maybe one day we'll wake up and this will all just be a dream.'

sábado, 2 de agosto de 2014

Corre sem fim, 
não tem meta.
Mas chega sempre
e em primeiro.

Corro contra.
Resta velocidade?
Ou amor?

O destino é a meta.
Mas é incógnito,
nem se desmembra.

Porquê lutar contra?
Correr, perdão.
Falta luz. Luminosidade,
vibrante, quente:
como um amante.

O amante é o meu destino.
O destino não existe.
Não há fim, não há meta.
Não há amor. Então,
há velocidade.

Umas sapatilhas.
Por favor.