terça-feira, 1 de outubro de 2013




   Fechei os olhos. Era a típica hora agitada. Por breves momentos, quis-me isolar. Não que não sentisse saudades de cada um com quem estive - de ti especialmente. Porém, esta ânsia geral esvazia-me. Todo este frenesi à volta do regresso parcial assusta-me e, esse sim, afasta-me. Quero-me encontrar, longe de todos, até de mim. Independentemente disso, espelho a necessidade de vos ter comigo. São como pilares indestrutíveis... e, parecendo que não, agradeço profundamente essa devoção, o pior é conciliar o pouco tempo que me disponibilizam para poder estar com cada um e, mesmo assim, poder estar comigo.
   A Marta daqui difere da Marta de lá. Qual delas a mais revoltada, a mais descontraída, a mais sincera, a mais feliz? O objectivo era, portanto, permanecer acordada ainda que todos pensassem que estava a dormir. O objectivo era pensar. O objectivo era descodificar a mixórdia de sentimentos que por mim passaram só neste fim-de-semana. Num ápice descubro tudo o que fiz de mal, tudo o que preferia não ter feito e tudo que me orgulho de ter feito: a surpresa que te fiz correu dentro de mim como corre o sangue, era algo por que ansiava, tinha saudades tuas ainda que não admita; a despedida do outro foi definitiva, chegamos ao patamar da amizade? "talvez direi, mas cuidado terei", afinal, tu mesmo disseste para me cuidar; por fim, questiono-me da despedida do outro outro, quão sentida foi por ambas as partes? quão mal me senti? a verdade é que não te sou indiferente, caso contrário não quererias estar comigo nos restantes dias, dias esses que já estavam preenchidos [novamente, o passar do tempo sume-se como se nem tempo tivesse para ver o tempo passar]...
   A disputa mental manteve-se até que algo seriamente reconfortante me embrulha no seu calor: chegaste. Tu que tens ciúmes do nosso irmão, do quão ele é importante, nunca pensaste que és o meu ídolo? Talvez seja uma palavra que te imponha demasiado autoridade [quem somos nós sem os nossos pequenos desentendimentos?] pois penso que idolatrar alguém é impossível dado nunca conhecermos o seu verdadeiro eu.. Contudo, se há alguém que se aproxima desse ser mítico, esse serás tu Miguel. É raro dar nome às pessoas a que me refiro mas tu mereces um certo destaque - sei que não vais ler isto mas ainda assim esclareço o quão importante és mesmo que não o diga pessoalmente, isso exigiria de mim o que nunca ninguém recebeu [mereceu?].
   Permaneço intacta, como a pedir mais de ti, pedido passivo directamente sentido. Dás-me o melhor de ti e questiono o porquê de não te dar tudo o que tenho em mim.. Sinto que te desiludo, mas ao mesmo tempo orgulho-me de ter muito de ti. E isso vejo, não agora que já "acordei", mas todos os dias em que estamos afastados. Não te afastes, fica, eu preciso de ti, ajudaste-me agora a compreender: sou mais feliz aqui, contigo, com os pais e o mano, com eles [...mas e ele?]. A Marta daqui é muito mais feliz que a Marta de lá, ainda que quer a Marta daqui quer a de lá seja feliz. Mesmo rodeados de quimeras, os pilares mantém-se ano após ano e, como tal, a felicidade exibe-se, mas só para mim... é segredo!

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